Olhamos para nós e à nossa volta, pensamos que nada temos, olhamos para nós e à nossa volta, pensamos e repensamos, e outra vez olhamos para nós e à nossa volta, queremos e pedimos tudo o que o mundo tem e não tem, por último, e para ter a certeza, olhamos para nós e à nossa volta...
E só aí, é que percebemos que existe algo tão grande ali, que está sempre ali, ali ao pé de nós, ali a saber a verdade, ali a sofrer, ali a sorrir, ali a torcer, ali a fazer-nos respirar, ali a baralhar às vezes, ali a seguir-nos dia e noite, ali a sentir, ali com uma entrega total, ali de uma forma tão incondicional, ali tão puro, ali tão genuíno, ali a apoiar-nos sempre, tão ali que às vezes faz-nos chorar, mas ali também faz com que nos apaixonemos, com que nos apaixonemos pela vida e pelas pessoas e a arte de ser pessoa, pelas imagens e pelos sinais, pelos objectos e pelos quadros, pelos animais e por todas as naturezas que a vida nos pode dar.
Por isso, quando nos encontrámos no completo silêncio, e olhámos para nós e à nossa volta, e não vimos nada, é porque não olhámos fundo o suficiente, não procurámos o suficiente, não quisemos ver o verdadeiro olhar, aquele que sente, porque se tivéssemos fechado os olhos, sentido o nosso quente respirar, a nossa pulsação a bater, e tivéssemos pensado como deve ser, e tivéssemos efectivamente olhado para nós e à nossa volta, por fim encontrávamose percebíamos que o que nos é tudo isto e muito mais, é o amor, o amor que vem do nosso fundo e puro coração, este, o coração é o que nos dá toda a essência que a vida tem…
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